domingo, 24 de novembro de 2013

Desembarque pelo lado esquerdo do trem

Você olha para a frente e vê alguém interessante do outro lado dos trilhos. Se encanta.
No metro, vocês trocam um olhar, aproveitam o momento e sorriem. Um quê de vergonha nos lábios, timidez e diversão brincando no canto dos olhos. Mas, de repente, os vagões se separam, vocês mantém o olhar  até desaparecerem da visão um do outro. O breve deslumbramento de um olhar, o feitiço inegável de um sorriso. E pronto, acabou.
Tal como esses encontros de alguns segundos, ao acaso, é a vida e as pessoas que encontramos conforme ela passa. Ela nos leva inesperadamente a algumas pessoas ou situações e mais subitamente ainda, como que levando o vagão a seguir em frente, nos lembrando de que não desembarcamos ali, ela continua.
Quantas vezes não paramos no meio do nosso caminho, e nos deslumbramos, perdemos o foco, chegando a cogitar descer naquela estação... Mas não é possivel. Não foi pra isso que saimos de casa.
Quando chegamos ao nosso destino, se é que chegamos, acabamos por não nos importar muito com isso. A única coisa que importa de verdade, é a lembrança da viagem.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Girassóis no escuro

Amanha é 12 de outubro, dia das crianças.
 Mas o que realmente isso quer dizer? No começo de setembro começam as propagandas na televisão. De um lado, brinquedos, roupas, presentes caros, sonhados com ardor pelas crianças. Do outro, a realidade: a maioria das crianças do país não terão acesso a nada disso nesse dia. Chocante?
 Também nessa época começam as mobilizações pelo país: doações de brinquedos para as crianças menos favorecidas, criança esperança e afins. Não que não haja boas intenções por trás disso, mas mesmo assim, como a sociedade é hipócrita! A maioria passa o ano inteiro sem se dar conta da vida a sua volta. A pessoa que comprou um brinquedo qualquer para a doação, muitas vezes foi a mesma que fechou o vidro do carro ao ver uma criança pedindo esmolas no transito, ou que passou reto por uma na mesma situação nas ruas. O ano inteiro são vistos como marginais, mas hoje não. Doa-se um brinquedo (quando doa-se), sem sentimento, sem esforço, sentem-se como se estivesse curando o câncer a quantidade. Como são filantropos!...
 Essas crianças vagam por ai sem nenhuma pretensão de futuro, o corpo e a alma desnutridas, e as pessoas simplesmente ignoram, pra lembrar uma vez por ano, de que elas ainda estão lá! São como girassóis que vem o sol uma vez ao ano, para no resto do tempo, permanecerem no escuro, se perguntando pra onde foi aquele feixe de luz.
 O dia a dia de uma criança na periferia não é fácil. A maioria começa a trabalhar cedo pra ajudar em casa, deixam de frequentar a escola, não possuem uma estrutura real. O lazer é caro, de difícil acesso, e os poucos lugares que elas poderiam frequentar, praças por exemplo, são longe do lugar onde moram. Brinquedos? A vida é muito difícil e isso não é prioridade. Além disso, 85% das crianças que sofrem maus tratos no país, são as crianças que vivem nessas áreas, os dados não mentem. Passam o ano inteiro sem ter a menor ideia do real significado da palavra infância e, em um único dia, vêem supervalorizadas coisas que elas apenas sonham em ter. E assim, essas crianças aos poucos se revoltam, se rebelam.
 O mais repugnante é vermos as elites, que nada sabem sobre os motivos pelos quais essas crianças crescem e se tornam malfeitores (já que ninguém é o que é por acaso), realizarem campanhas nos seus meios de comunicação pela redução da maioridade penal como forma de resolver o problema da violência em nosso país. Dissimulam, assim, a verdadeira causa de todo o problema: termos uma reduzida minoria dona de tudo e a grande maioria que não é dona de nada a não ser sua força de trabalho, que vendem (quando conseguem) em troca de um salário miserável e dignidade nenhuma. Procuram tratar o efeito e não a causa dos problemas sociais no pais, porque é muito mais fácil jogar a sujeira debaixo do tapete e fingir que a situação está resolvida. No fundo, eles não se importam. Estão apenas tampando buracos na sociedade. Ao invés de investir e reivindicar leis que mudem a situação, pressionar o governo a investir na urbanização dessas áreas e incluir socialmente essas pessoas, é mais fácil colocá-las onde elas não vão incomodar, as vezes, este lugar é na cadeia. É notável como, apenas em são paulo, o numero de presidios construidos foir exorbitantemente maior que o numero de novas escolas e a coorelação das coisas me parece muito simples.  Como já diria Seu Jorge na música Brasis: "Tem um Brasil que é próspero, outro não muda. Um Brasil que investe, outro que suga...".
 O Brasil é um pais desigual, isso não é novidade pra ninguém. O que parece não ter ficado claro é que a  obrigação com as crianças do país, enquanto cidadãs, é do governo. Por mais que pessoas realmente bem intencionadas ajudem, ainda não é o suficiente. Mas, por aqui não faz política, se faz politicagem. Contorna-se os problemas, aliena-se as massas, é dado o ópio do esporte, da sensualidade, mas investir em educação, cuidar dessas crianças diariamente, como elas precisam, isso não é feito....
 É extremamente contrastante essa realidade com o significado da data - que a maioria nem ao menos sabe: o dia das crianças foi estabelecido em 1959, quando o UNICEF oficializou a Declaração dos Direitos da Criança. Nesse documento, se estabeleceu uma série de direitos aos quais todas as crianças do mundo deveriam ter acesso como alimentação, moradia, saúde e educação. Será que sabendo disso, é possível ver  esse dia com os mesmos olhos? Uma vez que os objetivos e ideais da data não são cumpridos, sendo, pelo contrário, ignorados pelo governo, qual o significado, que conotação ela adquire? Feriado midiático/capitalista pra vender brinquedos. E é só. Tira-se novamente o foco do que realmente interessa. É ótimo ganhar presentes, mas de que vale um presente quando não se tem o básico? Até o próprio ideal parece ridículo.
Enquanto tudo isso acontece, você vai pegar seus filhos, sobrinhos, irmãos... levá-los ao shopping pra escolher o presente deles e não vai ao menos fazer questão de dizer o quanto eles tem sorte por você ter condições de dar isso a ele. Aqueles que não poderão dar exatamente o que a criança quer, vão optar por algo mais acessível, e se sentirão culpados por isso, se desculparão ao invés de dizerem: "você tem muita sorte, muitos não vão ganhar nada, a maioria, nem se lembrará que dia é  hoje."  É dever moral de um educador mostrar a realidade do mundo aos filhos. É erro nosso dizer que eles não entendem. Eles precisam saber o quanto são privilegiados. Do contrário, irão  crescer, vendo tv e acreditando piamente que tudo é daquele jeito que você pintou: perfeito e irreal. Se não fizermos nossa parte, ai sim, eles irão crescer e se tornar adultos que não entendem nada.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Minha morte foi o mar

 A vida é um oceano. Sempre foi. Pode ser bela, plácida, calma. Pode espelhar o azul do céu e permitir que a admiremos. Pode garantir o sustento, a diversão, a poesia. Mas esse profundo mundo governado por Netuno também pode ser uma armadilha, fatal a cada nova tentativa de se remar em frente.
Ele pode ser revolto, te submergir de tal forma que você seja incapaz de alcançar uma ilha onde se refugiar. A vida pode te afogar em ausências até que você se afogue em sí mesmo.
 A vida é um oceano, e nele, existem muitas vidas, distintas entre sí. Únicas. Cada ser que ali habita é peculiar. Somos singulares.
Mas as vezes, encontramos outros seres nas correntezas que nos dão vontade de passar a conjugar esse mar no plural. De remar em conjunto.
Estava eu perdida no mar. Você, seguro em seu barco, com seus remos. Dos nossos singulares ao plural: a mar-remos... Amaremos.
 Mas, as correntezas mudam de direção, e as pessoas são igualmente mutáveis... O horizonte azul se expande, infinito de lembranças. A distância se interpõe. Voltamos a ser ímpares, sem par, como se entre nós nunca tivesse havido Vênus. Naufrago.
 A vida é um oceano. O horizonte são as palavras que eu ansiava dizer e ouvir, mas se perderam na espuma das ondas revoltas, e com elas se dissolveram, e nelas me afoguei. Minha morte foi um mar, profundo como o abraço que você nunca me deu.

sábado, 17 de agosto de 2013

Aquele sobre padrões de beleza

   As pessoas não param pra pensar em como é desnecessária tamanha preocupação pelos padrões corporais impostos. O quanto é controverso se dizer livre, e ao mesmo tempo, se sentir preso pelas apertadas correntes formadas pela mídia, o mundo da moda, a sociedade de forma geral. Se submetem a interferir em suas próprias formas e nem ao menos se perguntam o porque disso. Não o porque de mudar, mas porque se quer mudar. A grande verdade é que beleza não é uma questão definitiva, nem absoluta. Ela muda conforme a época, assim como o pensamento midiático que impõe esses padrões. E eles são impostos por um motivo.
  Analisando históricamente, vemos que a "beleza" anda de mãos dadas com o pensamento social em relação as pessoas, e mais fortemente, em relação as mulheres. Na era clássica, os gregos julgavam belas as mulheres mais gordinhas, pelo fato de isso ser um indicador de riqueza. O nu artístico, era puramente artístico, não era visto de forma erótica.
  No feudalismo, o recato, a delicadeza e aparência de pureza eram indicadores de beleza, isso por causa dos princípios cristãos aplicados na época. O seios, quadris, nada disso era considerado erótico, porque o erotismo era pecado.
  No renascimento, os ideais clássicos foram retomados e mantidos, Vênus de Milo, além das três graças e muitos outros onde as formas cheias faziam os homens delirarem com a benção concedida pelo helenismo, são bons exemplos disso. Durante o século 19, século hipócrita onde muito se pensava e se estudava sobre sexo e pouco se falava, a beleza era medida pela aparente capacidade corporal de dar filhos, (coisa que foi determinante em praticamente todos os períodos históricos) e não havia tanta vaidade, o tamanho dos seios não era importante, não era sinonimo de atrativo.
  Mais tarde o importante era o tamanho do quadril. No século 20, começaram atos revolucionários que começavam a moldar a mente das "pessoas modernas" e toda a beatitude medieval, o corpo cheio clássico, e os quadris largos... já não se encaixavam. As mulheres começavam a se integrar de verdade na sociedade e pra isso precisavam ser magras e se vestir de forma prática, desse modo, surgiu a aversão as gordinhas. Seios grandes eram desnecessários e incomodos, quadris largos, nem se fala. Chanel revolucionou o mundo feminino colocando as calças em seus guarda-roupas. 
  E hoje, os padrões coincidem com um século totalmente sexualizado. Dispensa explicações e comentários. O ponto principal é: o que hoje é bonito, nem sempre foi, e nem será pra sempre visto dessa forma. Então pra que tentar se adaptar a esses padrões, tão mutáveis? pra que mudar a si mesmo, se os padrões se mudam sozinhos?

segunda-feira, 29 de julho de 2013

A tecelã

 Estava no trem e vi uma senhora tricotando. Ela tecia um cachecol com suas agulhas, tão concentrada, como se aquilo fosse uma ciência, como se tecesse o destino do mundo inteiro. Cuidadosamente entrelaçava os fios com o cuidado de quem liga uma vida a outra. As mãos, negras e frenéticas, marcadas pelo tempo, prova da maestria, não paravam.
  Seus longos cabelos desciam pelos ombros e ela os tirava da frente antes de puxar o novelo para tirar um pouco mais de linha, como se tivesse receio de unir um daqueles fios brancos a tantos outros coloridos e alegres do cachecol, que tecia sorrindo.
  Estava no trem e vi uma senhora tricotando. Todos a olhavam, mas acho que só eu á via.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Feliz de propósito

Declaro para os devidos fins
E a quem possa interessar,
Que decidi ser simplesmente feliz
Não importando a paisagem ou o lugar.

Meu coração estará em liberdade
Para prender-se onde bem desejar
Fora do meu ser não buscarei felicidade
Porque em mim mesma a verei
Como flores na primavera a brotar

Meu sorriso não conhecerá cadeados
E até mesmo as lágrimas terão seu lugar
Rolarão felizes por meu rosto
Porque só de alegria vou chorar

Neste memorável dia registro
Que o sol brilhará em todas as minhas estações
Primavera, verão, outono e inverno
A melodia percorrerá as mais diversas canções

Serei feliz quando o sol brilhar
Serei grata quando o céu escurecer
Recolherei as pedras do meio do caminho
Farei um novo caminho se for preciso...

...Serei feliz de propósito enquanto viver!

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Redundância

 Dizem que não são as respostas que movem o mundo e sim as perguntas. Parei pra pensar nisso e advinhem só, cheguei a várias respostas. Uma mais inconclusiva que a outra. Não interessa quantos textos eu escreva e quantas frases eu formule, as coisas que eu comece a falar sozinha e grave e regrave pra ouvir depois e tentar chegar a alguma conclusão, a conclusão não vem. Mas, vamos lá.
 E se tivéssemos a resposta pra perguntas do tipo: quem somos? De onde viemos? O mundo foi criado ou evoluiu? Ou evoluiu depois de ser criado? Como se organiza a sociedade? Como se compõe o sistema? Por que é tão difícil viver em paz?
Se eu for citar todas as perguntas, não vou terminar nem hoje, nem nunca. Mas, voltando ao que eu estava dizendo, talvez o fato principal de não conseguirmos responde-las seja porque, se respondêssemos, o mundo pararia de girar. Por mais ínfimas e parciais que fossem as respostas, a maioria se daria por satisfeito. E isso resultaria numa eminente estagnação.
 Imaginem se a ciência encontrasse a resposta pra todos os problemas? Seria ótimo, não? Mas e depois? O fato é que no caminho de encontrar as respostas pra determinadas perguntas, os cientistas acabam encontrando as respostas de outras e/ou encontrando novas perguntas. Causando dessa forma a evolução do método cientifico, fazendo o mundo girar de modo que uma pergunta se torna uma resposta parcial a outra, e assim elas vão se interligando, formando verdades totalmente inquestionáveis. Até que surgem novos pensadores, novos loucos e hereges que as absorvem, contestam e as derrubam. Provando que a verdade é que a única certeza da vida é que as perguntas são infindáveis.
 Talvez esse seja o sentido de tudo. Perguntar, e perguntar infinitamente. Refletir trinta vezes sobre o mesmo assunto, estudar, escrever, falar e se inquietar e não conseguir dormir. Exercer o que só uma pessoa pode fazer: pensar. No fundo, essas perguntas sem resposta estão ai pra isso. Pra nos lembrar de que não podemos dormir, acordar todas as manhas, abrir a janela, olhar pra fora e ver o mundo como algo normal. Porque não é. A vida que se desenrola e surge a cada minuto diante dos nossos olhos é assustadora, minuciosa e sublime. Se não fossem essas perguntas sem resposta, talvez parássemos de pensar ao ponto de não sabermos  o porque de nos inquietarmos, de nos incomodarmos, de que é isso que nos difere de todas as outras criaturas no mundo. Precisamos construir a nós mesmos e as coisas a nossa volta, e não existe outra forma de manter essas construções em pé sem os blocos das perguntas. Porque as perguntas são imutáveis mesmo depois de respondidas, as resposta não, não servem de alicerce.
 Existem pessoas que não se questionam, não tem nenhuma pergunta. Logo, nenhuma resposta. E sem ambos ou pelo menos um dos dois, qual é o sentido de viver? Não há sentido. Elas parecem não saber que tropeçam todos os dias nos nós traçados pelo destino. E o destino? Ele existe? O destino é um deus, e segue incompreendido e cego. Como nós. Ceguíssimos... Mas, existe? Não sei. E qual o problema afinal de contas? É só mais uma pergunta pra compor a listas das que vão tirar meu sono um dia desses.

sábado, 6 de julho de 2013

O último superlativo

 O funkeiro Mc Daleste morreu. Foi baleado enquanto fazia um show. E eu estou vendo muitos fazendo pouco caso disso e piadinhas no facebook do tipo "menos um funkeiro no mundo". Não gosto de funk, isso não é segredo. Mas tratar com descaso um ato de violência e agir dessa forma simplesmente pelo tipo de musica que ele cantava é ridiculo, sem mencionar que é de um pensamento extremamente pequeno. Pequeníssimo. Muitos reclamam que não são compreendidos, que não são aceitos, que são julgados, mas olha só as atitudes que tomam...
  Dizem por ai que a vida é um espelho. Será que com alguns pensamentos e comentários estamos emitindo o respeito e a compreensão que queremos dos outros? Antes de rockeiros, funkeiros ou qualquer outro rótulo, somos pessoas. Somos vidas. E toda vida tem valor. A questão é que ninguém é o que é por acaso. Somos nosso meio social, a familia em que crescemos, as pessoas com quem convivemos e em quem nos espelhamos, os amigos que fazemos, pelo que nos esforçamos. Eu não sei nada sobre ele, ouvi uma musica aleatóriamente, mas tenho certeza que ele como todo mundo tinha defeitos mas também tinha qualidades. E essas qualidades, o que ele foi como pessoa, pra si e pra quem gostava dele, não tem preço, por mais que muitos saibam o preço de tudo e o valor de COISA NENHUMA. Quem somos nós? QUEM SÃO VOCÊS pra dizer que "foi melhor porque é menos um funkeiro no mundo"? Que direito nós temos de dizer algo assim? Quem sabe no dia que essas pessoas morrerem, tenha alguem pra dizer que foi menos um hipócrita, menos um ignorante no mundo. Estariam certíssimos.

 O fato é que se fosse um artista de outro gênero, a grande maioria acharia absurdo. Como as pessoas são cegas. Ceguíssimas. Muitos não gostam do funk pela obscenidade, mas ao mesmo tempo, ouvem musicas gringas que são igualmente ou as vezes até piores. Mas, ninguem julga não é mesmo? Pregam a liberdade de expressão apenas e somente quando a expressão é a sua própria.
  Comecem a pensar um pouco, vocês que se dizem tão humanos, vocês que protestam pela diminuição da tarifa, vocês que querem os direitos dos animais e o fim do bullying, entre outras causas... entendam que nada disso tem valor se você não souber valorizar o que significa a vida de alguém. Estão dizendo muito ultimamente que "O Brasil acordou". Acordou pra que exatamente? As balas de borracha nos manifestantes chocam, revoltam. Mas as balas de verdade, que matam na periferia são vistas como "meio de tirar mais um funkeiro do mundo"? Não percebem que ambos estão errados? Pelo visto não. Estão de fato, "acordadíssimos".... HIPÓCRITAS.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Sereníssima

 Quando perguntam a uma criança: "o que você quer ser quando crescer?", ela responde verdadeiramente o que quer SER. Bailarina, astronauta, jogador de futebol, professora, bombeiro e por ai vai. Essas crianças crescem e quando adolescentes, se questionadas novamente, raramente as respostas vão ser as mesmas. A pergunta mudou de tom. De significado. Antes: o que você quer ser? Agora: Com o que você quer trabalhar pra ganhar dinheiro?
 É cada dia mais evidente que a grande maioria das pessoas não trabalham com o que gostam, abandonam os sonhos porque são socialmente obrigadas a serem bem sucedidas. Mas o que ser bem sucedido significa? Trabalhar o dia inteiro rezando pra chegar a hora de ir embora, simplesmente porque odiamos o que fazemos, mas o que fazemos paga as contas? Nascemos, crescemos, estudamos, trabalhamos, nos aposentamos e isso é tudo. Não deveria ser.
 No fundo, sabemos que merecemos mais. Então porque, se temos a oportunidade, não sermos aquilo que queríamos? Não vale mais a pena um salário menor com a convicção de estar fazendo o que se deve fazer? Ninguém está aqui por acaso, seria um disperdício de tempo e de espaço acreditarmos que estamos nessa vida a passeio. Além de sermos bem sucedidos, temos o dever com nós mesmos de sermos bem realizados. Como já diria Renato Russo na música que dá titulo a esse texto, "O que ninguém percebe é o que todo mundo sabe". E nada define melhor o que eu estou dizendo.
 Passamos a maior parte de nossos dias trabalhando, e essas horas por dia se tornam a maior parte de nossas vidas. Abrimos mão de sairmos pra nos divertir, quem tem filhos abre mão do tempo que tem com eles porque precisa trabalhar, deixa de fazer o que gosta porque não tem tempo, os exemplos são infinitos. Não podemos perder nossas vidas dessa forma, sem um propósito. Não podemos nos levantar todos os dias e não sabermos o motivo, não termos uma boa visão de futuro e muito menos de presente.
 Não mintamos. Todos querem ganhar bem. Mas ganhar bem e desperdiçar a vida não me parece um bom cenário. Não me tomem como hipócrita. Eu não escolhi medicina, não escolhi engenharia. Poderia ter escolhido. Sem a menor duvida eu seria capaz de fazê-los e ganharia melhor.  Mas, eu escolhi o que vai me fazer feliz. O que eu sinto que estou aqui pra fazer. Escolhi uma das carreiras mais difíceis e que mais precisa de ajustes neste país: eu escolhi ser professora. Cansei de ouvir comentários do tipo: "você tem capacidade pra mais", "escolhe uma profissão na qual você vá ganhar melhor", e coisas do tipo. Não, obrigada. Fiquem vocês com seus ideais errados de ser "bem sucedido". E quem tem coragem, que seja bem realizado.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Confissão

 Quando meus sentimentos parecem pesados, difíceis de suportar, gosto de escrever. Porque quando escritos no papel, eles parecem ser extirpados, proporcionando-me grande alivio.
 Se ficam na alma, gangrenam-na.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

"Vem pra rua". Pra quê?


A semana começou irreal. De todos os lados, explodia a revolta, a insatisfação o desejo de justiça e de mudança de um povo já há muito inerte. Comecei a semana com uma sensação maravilhosa de que de fato o povo estava acordando, que o aumento da tarifa dos onibus por todo o país havia sido apenas um estopim, o golpe de misericórdia, a última gota que fizera um copo cheio de descontentamentos transbordar e que, depois de conquistada a vitória da volta da tarifa ao preço normal, coisa da qual eu nunca duvidei, haveria uma pauta com coisas realmente importantes para serem modificadas e que continuariam todos lutando juntos por isso.
 Mas, percebo uma alienação sem tamanho nesse momento, em todos os âmbitos. Politico, ideológico. Pessoal.
Hoje, vendo os "protestos" do dia, eu me pergunto onde foi parar o foco, o objetivo que todos tinham quando saíram pela primeira vez as ruas e gritaram em notório uníssono pela queda do preço das tarifas, e que tudo não era apenas pelos 20 centavos de aumento. Apesar da grande diversidade de modos de dizer, no fim se dizia o mesmo.
 O que vejo agora é um povo disperso. Hoje, não houve unidade. Cada grupo gritava por algo diferente. Os que até o inicio da semana eram "irmãos de revolução" se tornaram hoje pessoas de ideais totalmente opostos. Uma confusão de cartazes com desejos totalmente diferentes. O que houve com uma das frases que eu mais ouvi no início da semana: "Estamos resolvendo um problema por vez"? Fico me perguntando o que todos acham que vão conseguir com essa confusão. Quando se faz um protesto cujo objetivo é claro, o governo pode aceitar ou não, sabendo onde deve agir para abrandar o povo. Nesse momento, um quer a saída de Renan Calheiros, outros, querem fora da comissão de direitos humanos o polemico Marco Feliciano, outros lutam contra a bolsa estupro. Todas causas nobres. Tudo coisas importantes de se conseguir. Mas onde o governo deve agir primeiro? Com cada um gritando uma coisa ao mesmo tempo, até nós mesmos estamos começando a ficar confusos.  

 Além de gritar por objetivos diferentes, cada um gritou com alguém diferente. Partidários, apartidários e fascistas, um gritando mais alto que o outro sem deixar que a Democracia, conceito defendido com unhas e dentes no inicio do protesto e usado como argumento contra a repressão da polícia, falasse mais alto e conduzisse o povo a um objetivo real. Para muitos, ir aos protestos virou "role". Tá ai todos os fogos e clima de festa relatado por inúmeras pessoas que estiveram presentes, que não me deixam mentir. O triste fato que eu espero que não se consume, é que logo muitos não terão mais a menor ideia do porque estão nas ruas.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Sobre o Pré Conceito.

Comecei esse texto por causa de uma proposta de trabalho do colégio que me fez refletir muito. O tema era "o preconceito com pessoas de olhos azuis". O que me fez pensar que esse termo é apenas uma expressão simbólica para uma série de preconceitos raciais e sociais ao longo da historia da humanidade. Todos pensamos que o preconceito consiste apenas em tratar mal alguém sem um motivo cabível, mas o termo e seu significado vão muito além disso. Se analisarmos a palavra, encontraremos Pré e Conceito, ou seja, uma ideia ou conceito sem uma opinião prévia. E essa opinião não precisa ser exatamente desmerecendo seu alvo, mas também é pela opinião precipitada que temos superestimado algumas características em nossa sociedade.
Desde sempre na sociedade existe uma divisão de classes, de deveres. Em Roma, tínhamos imperadores, plebeus e legionários, na idade média, tínhamos os pobres camponeses governados pelo clero e pelo rei, no inicio das grandes navegações, quando se começou a conhecer tipos diferentes de lugares e por consequencia, de pessoas, também houveram  choques culturais, que com o passar do tempo, resultaram em uma idéia formada por ambos os povos, nativo e colonizador, a respeito um do outro. Quando os portugueses  chegaram ao Brasil, eles encontraram os índios, e pela ingenuidade deles, se julgaram superiores. Os índios, por sua vez, ficaram fascinados com o estilo de vida europeu, já que tudo era novo pra eles, pois aqui não havia nada daquilo. Com o passar do tempo essa interação criou no índio um sentimento diferente.
 O mesmo pode ser visto em relação aos negros, até mais que dos índios, já que sua escravidão durou muito mais tempo. O branco se sentia superior e via o negro como não sendo um ser humano, e quando o viam assim, um ser humano não cristão, que por isso mereciam ser escravizados por negarem o cristianismo e terem suas próprias crenças "pagãs", eram considerados sem alma pela própria igreja. Não foram raras a catequisação tanto de índios como de negros. Mas tudo isso é só um marco inicial para o que viria a ser um mundo cheio de preconceitos.
 Depois de muitos anos escravizados, os escravos negros começaram a se revoltar quando a escravatura, um dos maiores exemplos dessa resistência é Zumbi dos palmares, que, em Pernambuco, formou o que podemos chamar de uma vila de negros fugidos e os incitava a rebelião, O quilombo de Palmares.
. A escravidão foi abolida em 1888 no Brasil, já tendo sido abolida em todos os outros lugares do mundo. Mas não foi por causa disso que os brancos e negros reviram os conceitos que tinham uns dos outros. Mais tarde,  na revolução industrial, o proletariado, explorado pelas mãos cruéis da burguesia também são uma amostra clara da desigualdade, e a lista não para.
 O ponto principal é o fato de que tudo isso não gerou preconceito apenas por parte dos opressores, mas também por parte dos oprimidos, e podemos ver traços disso na sociedade ate hoje. Um exemplo claro é que não é raro vermos pobres que odeiam ricos, não os que batalharam honestamente e chegaram onde estão, mas os que subirão pro meio da queda de outros, ricos detentores de riquezas sujas. Porque, na concepção deles, não é justo que pessoas assim sejam mais afortunadas e mais felizes do que eles que trabalham honestamente e muitas vezes não tem condições de comprar o essencial. Se vêem superiores, mais fortes e dignos em relação a esse tipo de pessoa. Outro exemplo simples é a aversão de alguns negros contra brancos. O negro muitas vezes se sente superior e vê o branco como um câncer em seu meio. Afinal, não foi o povo dele que foi escravizado, humilhado. Não são eles que precisam de cotas nas universidades e na maioria das vezes, salvo este exemplo, não são eles quem sofrem preconceitos. O lugar onde isso fica mais evidente é nas periferias, nas musicas de Rap, em que o orgulho da raça negra é exaltada. Um exemplo claro desse pensamento por parte da comunidade negra é a musica "capitulo 4, versículo 3" do grupo Racionais Mc´s. Onde ele conta a historia de um negro que a comunidade respeitava, até que ele começou a se envolver com os "branquinhos do shopping" que o levaram pra um caminho em que a vida dele como era antes, se transformou em algo totalmente diferente :

(...)Você vai terminar tipo o outro mano lá  que era um preto tipo A e nem entrava numa,  mó estilo de calça Kalvin Clein e tênis Puma, um jeito humilde de ser no trampo e no rolê,  curtia um funk jogava uma bola  buscava a preta dele no portão da escola.  Exemplo pra nós mó moral mó ibope  mas começou colar com os branquinhos do shopping...  aí já era... i mano outra vida outro pique, só mina de elite balada vários drink,  puta de butique toda aquela porra , sexo sem limite sodoma e gomorra. (...)

Outro com exemplo é o texto satírico abaixo:

Eu não aguento mais esse preconceito dos negros, como homem branco não tenho culpa de ter nascido branco. Só quem é branco sabe a m*rda que é você estar andando na rua à noite e ver uma pessoa desviando, mudando de calçada, porque tem medo do branquelão aqui. Tomar geral da polícia então, nem me fala... Eu já cansei, até queria fazer um GERALCARD pra que os PMs carimbassem a cada enquadro, aí juntando dez enquadros eles poderiam aliviar uma pra mim de graça. 
Um dia desses eu tava com o meu carro, estacionando, e a polícia me abordou em "atitude suspeita". Acharam que eu tava roubando meu carro. E ainda falaram "O que um brancão feito você tá fazendo em um carro assim?" Poxa, eu nem terminei de pagar meu financiamento!
Outra coisa que é foda de ser branco é pra arrumar emprego. Quando eu vejo no anúncio "boa aparência" (que é ilegal) ou "excelente apresentação pessoal", já sei que o brancão de cabelo liso aqui tá f*dido, vão escolher um negro, um asiático, qualquer um menos eu, porque branco só serve pra fazer faxina e ser segurança.  Na faculdade tem gente que veio querer saber se eu era cotista e vira e mexe rola uma piadinha com a minha cor e a minha competência. Eu sou obrigado a provar todo santo dia que tenho os mesmos direitos de um negro privilegiado que teve a sociedade inteira a seu favor desde sempre, maior injustiça do mundo! Como que um cidadão vai viver bem assim?
Os negros se uniram contra a gente de tal forma que existe todo um sistema para fazer a gente se sentir menor, inadequado, infeliz.  Minha irmã, que é bem clarinha também, um dia voltou chorando pra casa porque chamaram ela de branca fedorenta na escola. Nesse dia eu tive vontade de matar meio mundo, mas fiquei pensando em um branco na cadeia e acabei desistindo de apelar pra ignorância.  Acredita que já tentei escrespar meu cabelo, mesmo sendo homem? De tanto ouvir que meu cabelo liso era horroroso, lambido da vaca? Uma hora eu acreditei, né?
Mas hoje eu tô tentando assumir uma postura diferente na vida. Busquei informação, faço parte de um grupo maravilhoso de pessoas que discutem o papel do negro opressor na sociedade e passei a entender melhor que o problema não estava comigo, mas sim no racismo de gente que deveria saber que a cor da pele é só a cor da pele, por dentro a gente é carne, osso e sangue do mesmo jeito! Foi legal, estou me aceitando mais, é realmente importante ter um apoio nessa sociedade tão opressiva contra as pessoas de pele clara. O nome do grupo, se você quiser buscar ajuda também, começa com as letras KKK, procura no Google que aparece, vai lá tomar um suco com a gente! Pessoas mais lúcidas que elas, olha, ainda estou pra ver.  Ser branco não é fácil, mas a gente não deve desistir nunca!
(lola aronovich)

O texto reflete perfeitamente o pensamento do negro em ralação a sua própria situação e a do branco.
 E o preconceito que temos com as "pessoas de olhos azuis" se reflete na forma como muitas vezes pensamos que eles são melhores e mais felizes por causa de suas regalias e vantagens sociais. Exemplo disso é o fato de mais negros serem parados em blitz que brancos, como se por eles serem brancos, não tivessem aspiração a cometer crimes. Ou o fato de nos surpreendermos quando vemos um negro rico e bem sucedido, como se o sucesso fosse privilégio apenas da "raça ariana". Temos um enorme Pré Conceito em relação a essas pessoas de pele clara e muitas vezes nem nos damos conta disso.
 Pesquisei com algumas pessoas o que elas pensavam sobre o preconceito com pessoas de olhos azuis e elas simplesmente riram e em sua maioria disseram: onde já se viu uma pessoa de olhos azuis ser discriminada?
 Mas já vimos que somos muito preconceituosos em relação a essa distinta e privilegiada parcela da sociedade. Os olhos azuis representam o gene recessivo, a sorte recessiva. Sempre que vemos alguem de olhos azuis, nos admiramos e desejamos aqueles olhos, tão exóticos e raros, e a sociedade nada mais é do que isso: a supremacia da minoria sobre uma multidão que não percebe que ninguém precisa ser exaltado ou rebaixado. Mas que todos nós, olhos azuis e castanhos, nos vermos como somos: humanos.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Insatisfação

Se faz calor, queremos o frio
Se temos a brisa, queremos o sol
Se não temos alguém,
Achamos logo que só seremos felizes se o tivermos
E quando temos, a felicidade consiste em não tê-lo mais!

Se temos problemas,
Achamos que amanhã será melhor que hoje
E chegado o “amanhã” percebemos que “ontem”
É que éramos realmente felizes...

E assim se espera pelo amanhã:
Guarda-se o “hoje” na gaveta,
Enquanto o porvir é mais importante:
Deixamos a felicidade pra amanhã,
Mais tarde, ou semana que vem talvez...

Quem sabe depois que terminar a faculdade
Ou quem sabe depois que se casar
Talvez depois da promoção...
Pode ser que a felicidade chegue depois do primeiro filho,
Ou quem sabe após o primeiro milhão...

O que é mais importante na nossa vida?
Bom seria se todos tivessem dinheiro e felicidade
Mas muitas vezes devem-se fazer escolhas...

Às vezes o trabalho que lhe dá prazer não é o mais rentável
Às vezes quem você ama, não é o mais amável...

... Mas até onde o dinheiro compra a sua felicidade?
Quantos momentos de felicidade são trocados
Por “esmolas” de sentimentos vazios,
Ou mesmo sentimento nenhum?

O pobre esmera-se por conseguir um pouco mais
O rico preocupa-se com seu dinheiro: assaltos e sequestros
E infeliz, sabe que sua miserável riqueza
Não pode lhe comprar afetos...

O infeliz busca a felicidade
O feliz julga ser pouco a felicidade que tem...

Até onde tanta insatisfação convém?

segunda-feira, 15 de abril de 2013

O poente

 Ò noite, eu te desejo e anseio o teu abraço macio como o luar, quieto como o jazigo.
A fadiga me esvai, domina-me o cansaço do tédio; como um boêmio feliz eu vim dormir contigo...

 De sonho em sonho andei. Fui poeta, fui sonhadora.
Corri atrás do tempo e me perdi no espaço e vi se desfazer meu pensamento antigo e em sangue transformar-se a sombra do meu passo.
 Um dia, a procurar-te, olhei para o poente: na estranha solidão da tarde, impertinente, um pássaro de sol crepusculava a esmo.
 Então te encontrei e, em meu triste abandono, disfarcei meus olhos na volúpia do sono e caminhei contigo em busca de mim mesma.

sábado, 13 de abril de 2013

Vida!

Esta que me sorri, bela e gentil.
a brisa que me traz repentina felicidade
Este céu, que mesmo nublado me traz satisfação
Os sons... o silencio...
A paz e até mesmo um turbilhão

Um amor perdido... um amor encontrado...
Esta chama que teima em não se apagar
Tanta felicidade me vêm
que me vejo a poetar

Sozinha, aqui
De mim mesma olhando no espelho
Vendo marcas deixadas
Na alma e no corpo
O amor e a saudade

E que importa se não fui amada
na mesma intensidade?
EU SOU O AMOR:

O amor de Deus em mim,
Na perfeição de cada célula
sou um universo em expansão.
sou a excelência da criação!

Obra de autor sem igual
e me vi a pensar
que ser feliz assim é natural...

o pássaro a cantar em minha janela
só queria me dizer
que para ser feliz, basta querer.

Hoje sei que de nada adianta
sentar e chorar:
cada problema traz consigo também a solução
é preciso arregaças as mangas
e partir para a ação.

Cabe á Nós  olhar a vida de frente,
e não permitir que ela seja
entre o nascimento e a morte
apenas uma transição!

quinta-feira, 21 de março de 2013

Tente!

 A cada dia vivemos um pouco de nossas vidas; ás vezes desanimamos, outras vezes nos sentimos felizes.
Somos ambiciosos e por isso desejamos a felicidade a todo tempo, e as vezes nos decepcionamos muito quando algo não sai como nós desejávamos.
 Mas é necessário que quando houver decepção, haja a consciência de que antes chorar decepcionada por ter feito algo que tanto queria, deixado meu sonho viver, que sentir-se covarde por não ter sequer tentado, e feito morrer algo tão sonhado.

sábado, 9 de março de 2013

A vida... E a falta dela

 Há dias em que nos sentimos realmente só e infelizes...
Nesses dias é como se agente acordasse
Mas continuasse a dormir...

 Sentimento de solidão. Angústia.
Quem nunca se sentiu assim?

 Dias em que precisamos fazer um esforço
Para acreditar em alguma coisa
Para sentir a vida pulsar
Em nosso peito

 Vontade de viver
E não apenas de existir...

 Tanto que andamos em círculos
À nossa própria volta!

 Talvez possamos assistir
A toda movimentação em redor
...Mas é como se não estivéssemos ali...

 Tanto que tenho tentado fazer o que é certo...
Tanto que tenho errado
Por tanto fazer certo...

 Certo... Errado... Conceitos... Pré conceitos.

 E a mim mesma me vejo
Nessa ânsia de encontrar algo
Que me tire esse sentimento estranho

- O que estou sentindo mesmo?
- Não sei...

 E nesse diálogo-monólogo comigo mesma,
Ando oculta,
Sem saber o caminho:
- Esquerda ou direita?

 Duvidas...

 Tanto podem ser uma alavanca para a mudança
Como podem ser uma areia movediça
Que nos faz afundar cada vez mais
Onde estamos...

 Temo viver toda minha vida
Apenas buscando sem conseguir encontrar...

 E atrás da pálpebra desesperada
O frio... E a solidão...
O sono... E a necessidade de estar acordada....
As horas... E a falta de tempo...
A vida... E a falta dela...

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A homossexualidade e a sociedade

 Sempre que eu vejo religiosos extremistas ou mesmo pessoas que se dizem "mente aberta" condenando os "pecados" dos outros, me pergunto se essas pessoas já pararam pra pensar nas próprias vidas.
Existe uma coisa em particular, sobre a qual essas pessoas adoram palpitar e vomitar preconceito: opção sexual. Já cansei de ver páginas, tanto normais quanto (principalmente) evangélicas, condenando os homossexuais por seu "estilo de vida pecaminoso". Quantos pelo mundo já não foram as ruas protestar, simplesmente pelo fato de não concordarem com o que os outros fazem de suas próprias vidas? E eu me pergunto: será que esse tipo de gente tem visto o mundo como ele é? Existem tantos problemas, tantos pecados, e mesmo assim, em relação á eles, as pessoas se mantem alheias.
  É certo que também é pecado roubar, mas eu não vejo um grupo furioso de evangélicos protestando em frente ao senado ou na frente da casa de seus pastores corruptos. Não vejo os católicos extremistas com cartazes em frente ao Vaticano protestando contra a pedofilia cometida por muitos padres. Pessoas comuns julgam a homossexualidade como se seus próprios "pecados" sexuais fossem mais dignos, aceitáveis ou mais justificáveis. Adoram dizer que a homossexualidade não constitui família, mas muitos vivem em devassidão, com um parceiro ou mais por noite a cada fim de semana. Que tipo de família isso tem gerado? Sou hetero, mas não sou cega, estou vendo o que tem acontecido no mundo.
A verdade é que nesse caso, não existe pecado maior ou menor. Se fossemos ver assim, já estaríamos todos condenados. Todos pecamos.
  Vejo que o governo e as próprias pessoas, o povo, muitas vezes absolvem e reintegram assassinos, bandidos e pedófilos na sociedade, em altos cargos públicos, mas pessoas cujo único crime e pecado são um amor diferente, são discriminadas e mortas todos os dias. E todo aquele papo de amor cristão? de "amai ao próximo"? Todo mundo gosta tanto de citar a bíblia... Deus nunca disse: amai seu semelhante. Disse: "amai ao próximo". E disse mais: "Se somente amardes os que vos amam, que mérito se vos reconhecerá, uma vez que as pessoas de má vida também amam os que os amam?" (Lucas, 6:32). Sei muito bem, e todos também sabem, que do ponto de vista religioso e bíblico, TODOS os temas que eu tratei aqui, são pecados. Você, hetero que vive em devassidão, não está menos propenso a ser condenado ao inferno do que acha que um gay está. Mas é fácil só ver o pecado nos outros e não em nós.
  Um jovem americano foi expulso do exército por ter um relacionamento com um colega e disse em entrevista: "recebi medalhas e honra por matar mais de 10 homens na guerra, e fui banido e julgado por ter amado um".
Tendo em vista outro principio religioso, outra citação bíblica: "quem nunca pecou que atire a primeira pedra" ou " só quem te pode julgar é Deus", Que direito temos nós de julgar o amor dos outros?

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Oração

Senhor, hoje eu vim falar contigo;
Eu não sei o que há comigo pra
estar vazia assim...
Meu olhar está molhado, meu sorriso
tão calado... Me perdi dentro de mim.
A minha alma está tão triste:
ela pensa que partiste, a deixando em solidão.
Há momentos em que a gente tem vontade
de deixar tudo e fugir.
E muitos vão morrendo nesta vida sem esperança.

Eu, porém, confio em tí.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Poetas, palavras...

"Deusas não precisam de palavras"
Me disse um poeta uma vez. Apesar do imenso elogio e de ter ficado com cara de boba ao ler a frase, fiquei com ela ecoando em meus pensamentos e cheguei a conclusão de que nos apaixonamos mais por palavras que por pessoas....  Palavras são mais bonitas.
Por elas expressamos sentimentos que muitas vezes pessoalmente, não conseguimos expressar...

Por elas, nos apaixonamos pelos poetas, donos de habilidade ímpar em ordená-las de forma a encantar quem as lê, e fazer com que o leitor se imagine no lugar do poeta, sentindo a mesma alegria, tristeza ou paixão... Ou melhor ainda, no lugar da fonte de inspiração do poeta, quando as palavras que estão ali, são desejáveis de ser ouvidas pelo ser amado.

Penso que cansei de me apaixonar por pessoas, e habituei-me a estar encantada por palavras.   Ah... Esse incrível e fascinante mundo virtual!  Nele podemos ser incrivelmente amados, podemos deitar numa rede cibernética e imaginar um ser perfeito, exatamente ali ao nosso lado, sentindo o mesmo grande amor, concordando com cada palavra que escrevemos, conjugando os mesmos verbos.

Incansavelmente, nos perdemos em nossos sonhos e anseios, e desenhamos na tela o perfil do nosso ideal de amor, de amizade, de seja lá qual for o nosso sentimento no momento...  Até a tristeza fica linda e perfeita, quando a colocamos em forma de prosa e poesia!   

Poetas e palavras...  Palavras e poetas...

Como não amá-los?

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

A liberdade sexual e os estereótipos

 Vou começar o texto com uma pergunta: quais são, atualmente, os conceitos do que é bonito e aceitável e do que não é?
 Feita a pergunta, vamos entende-la. Hoje, postaram no facebook o video de uma mulher de calcinha e sutiã, dançando funk. Video apelativo e vulgar.
Isso é novidade pra alguém aqui? Acho que não. Motivo pelo qual não é novidade: se tornou normal. Agora, eu mencionei que a "dançarina" é gordinha e não condiz com os padrões com os quais todos estão acostumados? Por esse simples motivo, um video que seria muito mais um motivo de elogios que de criticas entre boa parte dos internautas se fosse uma mulher "gostosa" se apresentando, se tornou um video sobre o qual todos estão rindo e despejando criticas. Hipócritas.
 Não que eu ache justificável uma mulher chegar a esse nível degradante de necessidade de atenção e exposição da própria imagem, mas a questão aqui não é o que eu penso. A questão aqui são os fatos. E os fatos são os seguintes: nós vivemos em uma sociedade onde pouca coisa ou quase nada impera mais que os estereótipos e ideais de beleza. Enquanto se tem isso, uma mulher pode fazer praticamente tudo na internet ou em qualquer outro lugar, que pouca gente vai dizer alguma coisa. Agora tenta sair um pouco desses padrões. Eu me submeti a ver o video da gordinha dançando e um outro video, postado pouco depois, de uma dançarina de verdade, "como deve ser" dançando. Que diferença eu vi entre os dois vídeos? O corpo da bailarina. E isso foi tudo.
Fora isso, nada mudou: mesmo tipo de nome artístico apelativo, mesmo tipo de musica vulgar, mesmo tipo de dança, os mesmos passos, as mesmas jogadas de cabelo e olhadas "sensuais".
 Sendo assim, por que uma é exaltada como modelo enquanto a outra é ridicularizada? Por que a dançarina "molde" pode se sentir sexy, bonita, desejada e SATISFEITA com seu corpo, e uma mulher fora de todos esses padrões não pode? Ela só quis fazer exatamente o que a outra fez: se auto afirmar. Mas é incrível ver como os julgamentos foram diferentes.
 Vivemos em uma época "total flex", tudo é permitido. Temos liberdade de expressão de ideias, liberdade politica e liberdade sexual. Mas, se analisarmos realmente, nada disso é verdade. Nossas ideias, visão que temos do mundo e de nós mesmos, determinam nossa concepção de politica e de sexualidade. Por sexualidade eu digo: opção sexual, posse e domínio de nossos corpos.
Temos tudo isso, no entanto, grupos políticos continuam caçando a todo custo os opositores, homossexuais continuam sendo espancados e mortos todos os dias pelo modo de vida que levam, e pessoas que, tecnicamente, tem domínio sobre seus corpos, estão sendo julgadas cruelmente por quem não as acham "boas o suficiente" para fazerem o que fazem, por não se encaixarem nos estereótipos ditados.
 Isso, visto de um monto de vista histórico e sociológico, talvez fossa cômico se não fosse trágico. Afinal de contas, se voltarmos no tempo até o período clássico, podemos observar que os padrões de beleza eram totalmente diferentes (já viram um quadro de Vênus, Deusa da Beleza, idealizado naquela época?) e isso tinha um fundamento social. Naquela época, as mulheres gordinhas eram a tendencia, elas eram desejadas e vistas como superiores porque, se elas eram gordinhas, deduzia-se que elas comiam bem, e se elas comiam bem, logo, significava que elas tinham dinheiro pra fazer isso. Tudo estava relacionado com dinheiro, status. Uma camponesa não poderia comer tão bem quanto uma mulher nobre, logo, ela seria magra e pouco desejada pela sua visível condição social.
 Mas, atualmente, os estereótipos são gratuitos e sem fundamento. Não existe razão social notável para todos acharem que apenas as mulheres magras sejam bonitas. Talvez tudo esteja resumido nisso. Razão social. Os clássicos pensavam e refletiam sobre sua realidade, sobre o que era lógico. Não defendo estereótipos, mas, pelos menos eles tinham explicações plausíveis para ter os deles.
E nós? que explicações temos? Nenhuma. Porque ao contrário deles, nós que somos tão "avançados" socialmente, não paramos pra pensar nisso.