quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Do racismo

 A maioria de vocês deve estar por dentro da mais recente polêmica do BBB: a esponja de louça cujos cabelos de um negro é a esponja. Isso dividiu a internet entre os que se sentiram ofendidos e aqueles que nos mandam "parar de ver racismo em tudo, pois a linha de esponjas também tem a rainha da Inglaterra, punks, e outros, e ninguém está reclamando. Então vamos lá.
Primeiro: Outros grupos não se incomodarem não quer dizer que não seja racismo aquilo a que estamos nos referindo. Se os punks não se importam, se a rainha da Inglaterra não se importa (lógico que não né, primeiro que o cabelo dela não tem nada a ver com isso, segundo: rainha, branca, inglesa e cristã... não tem com o que se sentir oprimida - além do fato de ser mulher - desculpa), não há o que se possa fazer.
Racismo não é medido pelo que outros grupos definem como sendo ou não. Se um negro vê preconceito em algo, nunca é sem motivo.
Pra quem passou a vida ouvindo que o cabelo parecia uma "bucha" ou um "Bombril", ver um boneco desses é pensar "olha, quem falava isso pra mim quando eu era criança (e até hoje) agora faz marketing". O sentimento é esse.
Pra mim é racismo. Porque eu me senti insultada.
Se os punks se importam, eles que se mobilizem, e quem mais tiver sido representado que se importa, que se mobilize. O movimento negro é o movimento NEGRO, lutamos por nos. Do mesmo modo que os gays lutam por eles. Claro que nós nos importamos com o que acontece na sociedade além dos nossos umbigos, mas por isso existem os movimentos, pra lutar por causas especificas. Eles que lutem por eles.
Imagina se em vez de uma bucha fosse um esfregão representado por uma pessoa branca e a parte do esfregão propriamente dito fosse os cabelos lisos e loiros. Ia ter gente com a cara de pau de falar de racismo inverso. Se fosse uma bucha de um homem de pijama listrado especial pra limpar o bujão de gás, imagina o quanto os judeus iam ficar revoltados com toda razão. É errado, todos os exemplos.
Não consigo deixar de ver racismo nisso. De ter vivido isso. Se você não vê, isso não muda nada.