terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Promessas de ano novo

Mais um ano termina
Outro se inicia
O que ninguém percebe
È que o ano novo
è apenas outro dia

De nada adianta
Escrever planos
Se não nos esforçamos
Pra arrancá-los do papel

Delegar á nós mesmos
A obrigação que damos
Ao "Papai noel"

Promessas de ano novo...

O que foi feito
das promessas que fizemos
neste ano que se passou?
Quantas delas
Para cumprir você se esforçou?

Quantas deixamos
Para amanha
Pra semana que vem
Ano que vem?
( vida que vem? )

Este ano não farei promessas
no papel nada escreverei
Apenas e tão somente
tentarei resgatar os sonhos
que para trás deixei...

terça-feira, 18 de novembro de 2014

O feminismo e o pudor.

Me considero feminista e não sinto a menor necessidade de mostrar os seios na rua. 
Quero parar de entrar em sites sobre profissões e ver tabelas com "salários masculinos x salários femininos", pra pessoas formadas no mesmo curso e na mesma universidade. Quero começar a dirigir esse ano e não ter que ouvir que errar no transito é "porque tinha que ser mulher mesmo", sendo que uma pesquisa recente do DETRAN mostrou que a maior parte de acidentes e infrações são causados por homens, e eu não vejo ninguém dizer que eles tinham que ser homens mesmo pra agirem dessa forma. 
Me cansa ver mulheres sendo julgadas como vadias pela quantidade de homens com quem se relacionam sendo que eles fazem o mesmo e recebem muitos elogios por serem "os caras". Quando uma menina fica com vários, foi ela quem passou pela mão de todos, mas quando um cara fica com várias, ele é quem "pegou" todas elas.  
Os tempos mudaram e apesar da luta feminina que conquistou o direito de trabalhar, ainda existem homens que se escandalizam quando pensam em estar com uma mulher que ganhe mais que ele. Quer ganhar mais? Seja tão apto quanto ela em vez de se sentir pessoalmente ofendido.  Acha errado mulheres que transam no primeiro encontro? Então não tente levá-las pra cama no primeiro encontro. É muito fácil ser moralista quando tudo está a seu favor.
O fato é que existem muitas causas pelas quais lutar. Ainda hoje existem meninas tendo seus clitóris cortados na infância para que quando adultas, não tenham direito ao prazer, que é algo exclusivo do homem nessa sociedade. Ainda existem mulheres que tiveram suas vaginas costuradas durante a infância, para serem “abertas” por seus maridos com um bisturi de ouro na primeira noite. 
Em meio a tudo isso, me pergunto qual o motivo de lutar pelo direito de mostrar os peitos na rua. 
É evidente que sempre que precisamos fundamentar um argumento usamos a lei para termos credibilidade. No trabalho argumentamos que temos o direito de sermos tratadas com igualdade, pois isto nos é garantido civicamente. Podemos recorrer quando assediadas, podemos abortar em casos de estupro (e isso ainda não é o suficiente, ainda temos uma luta pela frente), temos leis que nos protegem de agressões físicas, podemos usar a roupa que quisermos (isso porque apesar dos insultos e do assédio, nada te impede legalmente de usar um decote), podemos votar e ser votadas pois tudo isso está na constituição. Mas nem tudo são direitos. Enquanto cidadãs também temos deveres, sendo um deles cumprir as leis ditadas pela Estado, e entre elas temos o Art. 233 do Código Penal- "Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público, mais especificamente, o ato obsceno seria aquele revestido de sexualidade e que fere o sentimento médio de pudor, como exposição de órgãos sexuais, dos seios, das nádegas, prática de ato libidinoso em local público, micção voltada para a via pública com exposição do pênis, o local publico em questão esta conceituado como  acessível a número indefinido de pessoas , como ruas praças e parques".  
E pra quem quiser dizer que mostrar os peitos em protestos não tem conotação sexual, segue o artigo seguinte “O tipo não exige que o agente tenha finalidade erótica; o fato pode ter sido praticado por  por vingança, por brincadeira, por aposta etc." Quem quiser pode ir dar uma olhada no código penal. 
Luto por muita coisa, tenho muitos ideais, mas o direito de andar nua não é um deles.
Era só isso mesmo.

Ps: Esse texto não se refere a amamentação em local público. Ai já é papo pra outro dia.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

"Estrangeirismos"

Tenho observado e visto muita gente dizer: "Diga não a cultura gringa, não comemore o halloween, comemore o Dia do Saci e a cultura brasileira" e também "Isso é coisa demoníaca".
Vamos por os pingos nos ís? Dizer "não a cultura gringa" só uma vez por ano é muito fácil. Não vejo ninguém reclamando de tudo que diz respeito ao natal por exemplo, que apesar do significado cristão colocado pela igreja no ano 354 de comemoração ao nascimento de Cristo, tem sua origem em uma celebração pagã chamada de Natalis Solis Invicti ("nascimento do sol invencível"), que era uma homenagem ao deus persa Mitra, popular em Roma (olha só, que" demoníaco"...). A data só foi escolhida para que fosse possivel cristianizar os povos sem causar impacto em sua cultura já definida. Nunca na bílbia ninguem disse que Jesus nasceu em dezembro. Além disto, não vejo ninguém reclamando do Papai Noel ser "gringo", ou vocês acham que um velhinho de trenó e roupa de inverno no meio de Dezembro é algo muito brasileiro? Todas essas informações ainda são extremamente rasas perto de tudo que é "gringo" e "demoníaco" no que comemoramos em nosso calendário com nossas famílias ao redor da mesa.
O Halloween tem sua origem na antiga comemoração de Samhain, considerada o ano novo dos povos Anglo-saxãos, que era a época em que acreditava-se que as almas dos mortos retornavam a suas casas para visitar os familiares e se aquecerem no fogo da lareira, resumidamente, um dia para lembrar com respeito dos que já haviam partido. É possível dizer que todas as culturas possuem algo semelhante, inclusive os católicos com o Dia dos finados e a missa de sétimo dia, mas, tudo alheio a religião cristã é demonizado, e eu digo isso como uma mulher cristã.
Além de tudo isto, a grande maioria que eu vi dizer esse tipo de coisa são os mesmos que eu sempre vejo falando que no Brasil nada presta e que nasceram no país errado. Então, sejamos coerentes. Vivemos um mundo globalizado, prova disso é o seu Smartphone.
Temos que celebrar a cultura brasileira sim, mas não há motivo para deixarmos de nos divertir com algo simplesmente por ser de fora.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O sexo e as negas

Analisando a televisão brasileira, é notável que, quando a ideia é passar algo "cultural", ideais de riqueza, de oportunidades, de classe e elegancia, você tem uma maioria branca. O programa Mulheres ricas, passado a não muito tempo é um exemplo, já que nem uma das protagonistas é negra. Em concursos de modelo como o Menina fantástica, você tem uma minoria absurda entre as escolhidas, mais especificamente 1 entre 12. Quando é pra escolher modelo brasileira pro fashion weak, mesmo com a ideia das cotas, as negras são minoria. Em 2011, com a coleção Royal Black, a grife carioca Osklen utilizou a Africa como tema, mas, nos bastidores quando o assunto das cotas para modelos negras entra em pauta, há quem pergunte: "Se os negros não compram minha roupa, por que vou contratar modelos negras?" Esta pergunta nos dá o direito de perguntar também: se a modelo negra não interessa, por que o interesse em sua cultura?
Mas, quando a questão é sexualidade, temos todo um apelo pras negras.
Na misserie Suburbia, também da globo, a questão era a mesma que aparece agora: periferia, sensualidade, crimes, marginalidade... Ficava muito latente como eles colocavam o papel da negra e qual era o papel da branca. Agora, nesse seriado, o que eu vejo é de novo essa sensualização, a objetificação, como já é tão comum não só nas novelas e minisséries, mas tambem e talvez principalmente na propaganda, como a da cervejaria Devassa, onde a cerveja preta é comparada a uma negra e o slogan era: "É pelo corpo que se conhece a verdadeira negra".
Quando um seriado é focado num nucleo de gente branca, é "Mulheres ricas". Quando o nucleo são mulheres negras, é as o Sexo e as negas?
Este programa será só mais um para o histórico não só da Globo mas da midia geral em dividir papeis sociais onde o galã raramente é negro e a negra é comumente sexy ou a domestica, ou quando nenhuma das duas coisas, assume-se outros esteriótipos.
Fora que, em um pais como o Brasil, que "importa novelas", como foi o caso de Avenida Brasil, que rodou vários países, é realmente certo o tipo de ideia que esse seriado parece promover?
Internacionalmente, a imagem da mulher brasileira de modo geral, já é de mulher fácil e o "gringo" vê o país como turismo sexual. "O sexo e as nega" tão e somente ajudaram a alimentar ainda mais essa visão internacionalmente e a consolidar ainda mais o papel que já é assumido pelo afro-descendente na mídia nacional.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Reticências

Pra onde vão os nossos silêncios?
O que é feito do que não dizemos?
Em que lugar ficam escondidas as vontades as quais não nos rendemos?
Ficam escritas... Em nós mesmos, como marcas. No vento, quando lançamos nossos pensamentos no ar, esperando que se dissipem. Ou com palavras. Escritas....Tudo fica intimamente oculto, como caixas que guardamos uma dentro da outra, até que sejam esquecidas ou simplesmente percam o valor.
Mas não perdem.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Bifurcação

Um dia, a gente muda, enlouquece e resolve ir embora.
Ir embora de situações, de lugares. Ir embora da presença das pessoas, de seus comportamentos que em nada acrescenteam a nós ou que já não condizem com os novos planos que estamos fazendo. Algumas pessoas simplesmente começam a destoar daquilo que esperamos da vida.
Um dia, a gente percebe que tudo aquilo que era tão confortável e nos atraía tanto, já não faz tanto sentido assim. Talvez nunca tenha feito. As prioridades mudaram, os pensamentos (nossos e dos outros) e não sobra muito mais espaço pra ficar reinventando uma rotina que está fadada a se repetir.
Um dia, a gente muda, enlouquece e resolve ir embora.
A gente abre mão de uma coisa boa por uma melhor. Abrimos mão de passar um fim de semana com os amigos porque, de repente, estudar ficou mais importante do que era. Trabalhar tambem. Uma hora, as coisas das quais abrimos mão começam a determinar o que somos agora e o que viremos a ser. Se torna necessário determinar o que não queremos (ou não podemos) mais ter e fazer para poder ter um alvo bem definido de onde vamos chegar, do que queremos de fato. Dizem que se chama crescer.
E a gente vai indo embora. Mas pra onde?

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Auto do sentimento

Tem gente que aprende a ser poeta, mas existem aqueles que ja nasceram poesia. Pura, daquelas que fermentam muito na mente antes de serem passadas pro papel, encorpada. Verso destilado. Rima ardente. Métrica inflamável....
Tem poemas que aquecem a gente e tem os que incendeiam.
Mas só quem se permite, se entrega, incendeia. Ler poesia não é difícil. Difícil é sentir.

domingo, 4 de maio de 2014

Tempo perdido

Hoje me deparei com um cartaz no metrô onde lia-se: ‪#‎AlegriaJá‬. Comecei a refletir sobre aquilo. Sobre o sentido daquela frase colorida, azul, ali no meio do cinza do concreto. Gritante. Olhei em volta pra ver se fazia sentido. Não fez.
Ao redor, pessoas sérias, alheias a qualquer tipo de felicidade aparente. Jovens silenciosos, conversando baixo. Adultos sérios, aos celulares, resolvendo assuntos aparentemente urgentes, que claramente não poderiam esperar até o fim do domingo. Todos visivelmente descontentes com aquela situação.
Sempre dizemos: "Segunda feira eu começo" quando diz respeito a uma dieta, um pedido de desculpas, uma mudança que influencia verdadeiramente nossa vida pessoal, nossa alto estima. Sempre parece que dá pra adiar mais um dia, surgem imprevistos mais importantes, a vontade quase nunca é das maiores. Mas tudo que fazemos por obrigação, pra surpreender quem muitas vezes nem merece ser surpreendido... temos que fazer pra ontem.
Ouvi uma mulher dizer "Na proxima vida eu quero ter mais tempo". A frase me pareceu absurda. Mas e o tempo dessa vida? O que estamos fazendo com ele? Espero que um dia, mesmo que seja só de vez em quando, possamos todos andar de metrô e nos sentirmos felizes quando o vagão chegar, sabendo que estamos indo a um lugar que nos da prazer e não que nos tira do sério e transforma nossa tarde de domingo em segunda feira de manhã.
Que o cartaz não seja só parte da paisagem. Que ele seja lido, assimilado e vivido: #AlegriaJá.

terça-feira, 29 de abril de 2014

O auto do preconceito

Não, nós não somos todos macacos.
Impressionante o peso de um ato racista contra um jogador de futebol, rico, jogando na Europa. Impressionante como todos reagimos. Ficamos indignados, e realmente, era o que deveríamos fazer, nenhum ato preconceituoso deve ser tolerado. Mas, o que fazemos com o nosso descontentamento? Subimos uma hashtag que em nada serve para diminuir ou modificar o preconceito, apenas resulta numa generalização do ocorrido.
"Ele é negro, é brasileiro, e ele é macaco? Então todos nós brasileiros somos macacos, porque somos todos misturados". Como se o resto do mundo não soubesse disso né? Eles vem pro Brasil no carnaval pra ver mulata sambando, e no meio disso também encontram loiras como madrinhas de bateria. Eles estão a par da situação.
Todo modo, eu não consigo assimilar a ideia da miscigenação racial como sendo um pretexto cabivel para sermos insultados e protestarmos concordando com a ideia. Isso não é protesto, isso é golpe de marketing, e dos piores. Acha que não? Sabia que o Luciano Ruck já lançou até camiseta com a hashtag estampada? Pois é. A unica utilidade disso é retroceder anos de luta verdadeira contra esse tipo de atitude. Desde quando manifesto social virou pretexto pra campanha publicitária?
O Brasil é o pais da mistura e do preconceito ao mesmo tempo. Pessoas negras são insultadas todos os dias nas ruas, nas favelas, nos shoppings. Cada comentário aleatório como "Ele é negro mas é muito bonito", "Porque você não alisa seu cabelo?" São pequenos atos de preconceito e eu nunca antes eu ví uma hashtag nacional contra esses detalhes, poucas vezes vi indignação nas ruas por esse motivo. Não é necessário ir pra Europa pra ver o racismo. Ele é nosso vizinho.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Ditongos e Hiatos

Qual o conceito que todos tem de Relacionamento SÉRIO? É o Status do facebook? É a aliança no dedo depois de uma semana de namoro? É o poder de dizer: "Fulano é meu"? Tento, na plenitude e humildade dos meus curtos 17 anos, entender o que se passa na cabeça das pessoas.
Existe uma necessidade de posse: a rotina, os pensamentos, a senha do facebook... A certeza de que a vida do outro não saia muito de um foco especifico. Você.
Mas será que isso não é um conceito extremamente deturpado? Mal aprendemos a lidar com nós mesmos, quase não nos conhecemos, e esperamos que um outro individuo nos entenda e nos complete. Queremos fazer parte do mundo de outra pessoa, e nem sabemos exatamente o que compõe o nosso próprio mundo.
Queremos amar e entregar a nós mesmos nas mãos de alguem totalmente aleatório, mas muitos de nós ainda nem consegue se amar, não sabemos nos aceitar e de repente, aceitamos cegamente a outro.
As pessoas querem ser ditongos e ainda nem aprenderam a ser hiatos sem sentirem uma dor aguda no peito: o vazio. Vazio de sí mesmas.
A realidade é a seguinte: muitos relacionamentos que não consideramos sérios, são mais valiosos e significantes que os que carregam nobremente esse rótulo. Duas pessoas que apenas "ficam" podem ter mais amor uma pela outra que duas que namoram. Elas podem querer se ver com mais frequencia, podem desejar um ao outro com mais ardor, ter mais respeito e levar uma rotina muito mais leve que muitos casais "de verdade". Isso porque estão juntas pelo simples fato de quererem estar, não porque tem um título a zelar.
Isso é relacionamento sério. Estar junto por vontade. Ter um laço que junta e não um nó que sufoca.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Diálogo/monólogo

 Falamos com tanta gente no decorrer de nossos dias, de nossas vidas... Mas com quantas realmente conversamos? Quantas vezes encontramos pessoas com as quais vemos nossos olhares e nossas palavras se encontrarem, se entenderem e se perderem, por terem se entendido? Poucas. Falamos sem parar, sobre o tempo, sobre o futebol... mas quantas vezes nos sentimos a vontade pra falar com alguém sobre os temporais que frequentemente se tornam nossos pensamentos? Para falar do grande sacrifício de marcar um gol nessa vida, de driblar os problemas, enrolar esse grande juiz chamado tempo e garantir a prorrogação de bons momentos?
 Alias, quantos momentos podemos dizer com certeza que foram bons? Com quem podemos dividi-los? A quem podemos contá-los? Com quem podemos vive-los? Não sabemos. E não sabemos porque no meio de todas as palavras ditas, não havia conexão, nem entre elas e nem entre os indivíduos que as proferiam.
 Nós vivemos em plena era da informação, falamos muito. Com quem está perto, com quem está longe... mas falta verso. Falta conversar, mas conversar com verso. Falta deixar as coisas fluírem com naturalidade, verdade e confiança. Confiança... atualmente, uma palavra desconexa, perdida sem rima no meio da frase... como encaixa-la? Como encontrá-la em nós e nos outros? Com verso. Conversando.