quinta-feira, 20 de junho de 2013

"Vem pra rua". Pra quê?


A semana começou irreal. De todos os lados, explodia a revolta, a insatisfação o desejo de justiça e de mudança de um povo já há muito inerte. Comecei a semana com uma sensação maravilhosa de que de fato o povo estava acordando, que o aumento da tarifa dos onibus por todo o país havia sido apenas um estopim, o golpe de misericórdia, a última gota que fizera um copo cheio de descontentamentos transbordar e que, depois de conquistada a vitória da volta da tarifa ao preço normal, coisa da qual eu nunca duvidei, haveria uma pauta com coisas realmente importantes para serem modificadas e que continuariam todos lutando juntos por isso.
 Mas, percebo uma alienação sem tamanho nesse momento, em todos os âmbitos. Politico, ideológico. Pessoal.
Hoje, vendo os "protestos" do dia, eu me pergunto onde foi parar o foco, o objetivo que todos tinham quando saíram pela primeira vez as ruas e gritaram em notório uníssono pela queda do preço das tarifas, e que tudo não era apenas pelos 20 centavos de aumento. Apesar da grande diversidade de modos de dizer, no fim se dizia o mesmo.
 O que vejo agora é um povo disperso. Hoje, não houve unidade. Cada grupo gritava por algo diferente. Os que até o inicio da semana eram "irmãos de revolução" se tornaram hoje pessoas de ideais totalmente opostos. Uma confusão de cartazes com desejos totalmente diferentes. O que houve com uma das frases que eu mais ouvi no início da semana: "Estamos resolvendo um problema por vez"? Fico me perguntando o que todos acham que vão conseguir com essa confusão. Quando se faz um protesto cujo objetivo é claro, o governo pode aceitar ou não, sabendo onde deve agir para abrandar o povo. Nesse momento, um quer a saída de Renan Calheiros, outros, querem fora da comissão de direitos humanos o polemico Marco Feliciano, outros lutam contra a bolsa estupro. Todas causas nobres. Tudo coisas importantes de se conseguir. Mas onde o governo deve agir primeiro? Com cada um gritando uma coisa ao mesmo tempo, até nós mesmos estamos começando a ficar confusos.  

 Além de gritar por objetivos diferentes, cada um gritou com alguém diferente. Partidários, apartidários e fascistas, um gritando mais alto que o outro sem deixar que a Democracia, conceito defendido com unhas e dentes no inicio do protesto e usado como argumento contra a repressão da polícia, falasse mais alto e conduzisse o povo a um objetivo real. Para muitos, ir aos protestos virou "role". Tá ai todos os fogos e clima de festa relatado por inúmeras pessoas que estiveram presentes, que não me deixam mentir. O triste fato que eu espero que não se consume, é que logo muitos não terão mais a menor ideia do porque estão nas ruas.