quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Prisões contemporâneas

 Hoje parei pra pensar em como as pessoas vivem presas. Dominadas, submetidas.  Escravas das coisas, das situações, das pessoas, do trabalho, das redes sociais e principalmente de si próprias... A verdade é que comecei a pensar nisso depois de uma proposta de redação um tanto diferente. E sobre o tema fiz tantas conjecturas que seriam necessárias várias redações pra falar tudo que eu estava com vontade de dizer, ou pelo menos mais linhas do que se pedia. Mas aqui não tenho restrições, então, se preparem.
 O fato é que pensar nisso perturbou por algum tempo as minhas definições de liberdade. Isso porque, talvez pela primeira vez, eu parei para vê-la sobre todos os pontos de vista ao mesmo tempo, e não de um ou outro de maneira isolada, o que me deu, por incrível que pareça, uma visão mais ampla do que eu teria conseguido com uma análise demorada do assunto. A rapidez das informações e ligações foram inacreditáveis.
 A verdade é que tudo nos sujeita e nos oprime, até mesmo as coisas que julgamos nos darem prazer. Um bom caso disso são as redes sociais. Este é um dos casos mais claros de como não nos damos conta do quão dependentes ficamos de algo que antes, não fazia tanta diferença.
 As incontáveis horas que passamos em frente ao computador, poderiam ser usadas de formas mais produtivas, temos um horizonte infindo ao nosso alcance, e muitas vezes nos limitamos a expor nossas vidas sem nenhum pudor. Vemos frequentemente pessoas que não tem um minimo de discernimento do que se é desnecessário divulgar. Uma série sem fim de vulgaridade, perda de tempo e de energia são gastas sem que nem ao menos consigamos nos dar conta disso.
 Mas, se levarmos em consideração a época em que vivemos, acharemos absolutamente normal. Isso porque achamos que estamos tão avançados tecnologicamente, que estamos livres de coisas tão ilusoriamente banais como o cerceamento de nossa própria liberdade. O que me leva a outro tema, não menos interessante ou complexo.
 Atualmente, é indispensável estudarmos e trabalharmos para conquistarmos um objetivo, e isto está absolutamente certo. O problema, é que muitas vezes, as pessoas perdem a noção do que é saudável. Não é incomum, por exemplo, vermos pessoas recebendo ligações do trabalho no meio de um dia de folga, no meio da noite. E todos estão tão absortos em suas vidas vazias e necessitadas de "algo mais" que não se dão conta de que se privam de viverem realmente para viverem trabalhando. Claro que é necessário o esforço, a final há contas que precisam ser pagas, mas ao mesmo tempo somos pessoas, e como pessoas, precisamos de tempo para sermos de fato pessoas. (entenderam?)
 Ninguém está imune, e todos precisamos nos dar conta do que nos cerca e do que temos como prioridade. E em uma sociedade como a atual, onde os valores estão totalmente invertidos e pouco se pensa de maneira aprofundada sobre qualquer questão, temo que seja dificil concientizar a maioria de todos esses fatos. Mas é evidente de que precisamos analisar a maneira como vivemos para saber se estamos de fato vivendo ou apenas passando por aqui sem um real propósito.
 Claro que é impossível mudarmos de um dia para o outro um tipo de comportamento ao qual já nos acostumamos. A mudança de pensamento e ação precisa de tempo, mas para isso, é necessário que estejamos dispostos a usar isso a nosso favor.
 È incrível como as pessoas perdem as rédeas das próprias vidas, e se tornam tão absurdamente sem graça, superficiais e vulgares. E as criaturas vulgares não possuem encanto algum. Não há beleza em suas personalidades. Não pelo fato de cometerem erros, porque todos os cometemos, mas simplesmente pelo fato de que não se dão conta nem querem mudar isso. Isso é tão comum. E o comum não excita a imaginação.
 Precisamos realmente parar para pensar no tipo de pessoas que somos agora. Pois como já diria Oscar Wilde: "somos o que somos, e seremos sempre o que temos sido."

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Crítica e preconceito

 Atualmente as pessoas não sabem mais a diferença entre preconceito e crítica. Não sei exatamente o que desencadeou essa onda de alienação, essa neura que as pessoas tem de estar sempre sendo perseguidas pelas opiniões das pessoas com quem elas não concordam como se fosse algo pessoal. O que a maioria não percebe é que não concordar com certas atitudes, hábitos e vertentes não te torna uma pessoa preconceituosa, te torna apenas alguém que tem capacidade intelectual suficiente para criticar o meio em que vive e decidir o que gosta ou não, o que é bom ou não para si próprio.
 Eu posso criticar qualquer atitude humana, além de poder criticar ideologias, gostos e comportamentos, dentro dos meus próprios limites éticos e dentro do meu espaço. Enquanto eu não estiver ofendendo nocivamente uma outra pessoa, eu tenho todo o direito de dizer o que penso, e posso faze-lo quando e onde bem entender. E isso não me tornará preconceituosa. Se as pessoas se contentam, se satisfazem e concordam (ou fingem concordar) com tudo, isso não significa que eu também seja obrigada a ter esse tipo de atitude conformista que não se enquadra no que eu acredito.
 Esse tipo de comportamento infantilizado, a repressão do pensamento e o ideal falido de que o mundo deve concordar em tudo como um todo, são, na minha opinião, as principais causas para vivermos em uma sociedade com pessoas cada vez menos independentes, menos capazes de decidir por si próprias o que realmente acham melhor para suas vidas.
 A idéia de um mundo globalizado, acabou gerando um processo meio cataclismico onde o que foi vendido e globalizado foi o conceito de individuo, e isso, pra mim, não é aceitável.