segunda-feira, 22 de junho de 2015

Megalópole

A poesia me consome. Queima, arde. Mas não sai.
Se instalou nas pontas dos meus dedos, no fundo do meu peito. Sinto-a escorrer pelos cantos dos olhos e da boca, que constatam uma realidade tão diferente do poema que sinto e desperdiçam frases avulsas em meio a um mundo ainda mais avulso a si mesmo.
A poesia me consome. Queima, arde. Mas não sai.
Vai pelas ruas onde constato a dualidade das coisas: As lojas, o shopping, o banco. A pobreza iminente.
Os restaurantes, os bares, a cafeteria frondosa. A fome impiedosa.
As propagandas, outdoors, comerciais, as rede sociais. A carência.
Os celulares, tablets, notebooks. A distância.
Os livros, revistas, bancas de jornal, os portais. A desinformação.
As casas, prédios, os conjuntos habitacionais. O vento. O frio dos corpos e das almas vãs.
Os saltos altos, sapatos e tênis de marca. Os pés descalços nas calçadas. As pessoas não se lembram de onde vieram nem sabem pra onde vão.
Os grafites, pichações, os artistas de rua. Vozes que gritam em meio ao silencio sem serem ouvidas.
A poesia consome. Queima, arde.
A cidade.

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