segunda-feira, 6 de julho de 2015

"Somos todos Maju"

O recente caso de racismo na internet contra a apresentadora de meteorologia da rede Globo Maria Júlia, e a comoção do público que resolveu protestar subindo a tag "somos todos Maju" me fez refletir sobre as atitudes das pessoas tanto online quanto no cotidiano.
No dia a dia, muitos (disse muitos, não todos, veja bem) usam expressões como "nossa, que serviço de preto" se referindo a um trabalho mal feito ou "amanha é dia de branco", como se não tivesse sido os negros que trabalharam pra erguer o império. Você não é Maju.
Tem também o "você é tão bonita, porque não arruma/penteia/prende/alisa esse cabelo?" "Porque usa esses turbantes?". Você acha normal o núcleo negro da novela ser a vagabunda, a empregada, o bandido mau caráter, o ladrãozinho de viela? Ta enraizado. Você não é Maju.
Quando você vê um negro na rua, você muda de calçada, senta em outro lugar no ônibus porque ele parece suspeito e acha normal que a polícia pare mais negros nas blitz e que os enquadre mais na rua pelo mesmo motivo. Você não faz nada quando presencia uma situação de racismo.Você não é Maju.
Você tem vergonha de se auto declarar negro e se diz "moreninho/mulato/moreno escuro" ou se refere assim as pessoas pois acha que dizer que ela é negra é uma ofensa. Qual é a vergonha da sua cor? Da cor dos outros? É aquela que a parcela da sociedade que agora se declara como Maju colocou em você.
Muitos de fato se comoveram pois de fato são contra o racismo, acredito que muitos realmente sejam Maju em seu sentido mais amplo de luta e aceitação.
Mas a maioria não. A maioria tem que parar pra se analisar.

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