quarta-feira, 22 de julho de 2015

"Não pode aqui"

Assisto, de manhã, a seguinte cena: um menino de no máximo 15 anos vendendo bala no metrô, entra um guarda: "não pode vender aqui." Ele sai. Enquanto o vagão está partindo é possivel ver os dois caminhando juntos em direção a saída. 
A noite, o mesmo menino, no mesmo vagão que eu. Novamente assisto: "meu nome é Pedro, desculpem o incomodo. Minha irmã perdeu o emprego e minha mãe está doente. Estava vendendo bala de manhã e ofereceria pra vocês se os guarda não tivessem tomado elas tudo." Nesse ponto ele começa a chorar. "É muito humilhante ter que pedir mas se alguem puder me ajudar, que Deus abençoe". As pessoas se compadecem. As bolsas abrem, as moedas fazem barulho, ele recolhe agradecido: "Deus te pague". Ouço passos. Eu não vi o guarda no fundo do vagão, nem Pedro, mas ele viu: "não pode pedir aqui."
O menino agradece a todos e sai. 
Não pode vender aqui. Não pode pedir aqui. 
O que será que ele vai tentar agora? Tomara que a irmã consiga um emprego, espero não ver o rosto de Pedro estampado em um jornal qualquer se referindo a ele como "menor".

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