Analisando a televisão brasileira, é
notável que, quando a ideia é passar algo "cultural", ideais de riqueza,
de oportunidades, de classe e elegancia, você tem uma maioria branca. O
programa Mulheres ricas, passado a não muito tempo é um exemplo, já que
nem uma das protagonistas é negra. Em concursos de modelo como o Menina
fantástica, você tem uma minoria absurda entre as escolhidas, mais
especificamente 1 entre 12. Quando é pra escolher modelo brasileira
pro fashion weak, mesmo com a ideia das cotas, as negras são minoria.
Em 2011, com a coleção Royal Black, a grife carioca Osklen utilizou a
Africa como tema, mas, nos bastidores quando o assunto das cotas para
modelos negras entra em pauta, há quem pergunte: "Se os negros não
compram minha roupa, por que vou contratar modelos negras?" Esta
pergunta nos dá o direito de perguntar também: se a modelo negra não
interessa, por que o interesse em sua cultura?
Mas, quando a questão é sexualidade, temos todo um apelo pras negras.
Na misserie Suburbia, também da globo, a questão era a mesma que
aparece agora: periferia, sensualidade, crimes, marginalidade... Ficava
muito latente como eles colocavam o papel da negra e qual era o papel da
branca. Agora, nesse seriado, o que eu vejo é de novo essa
sensualização, a objetificação, como já é tão comum não só nas novelas e
minisséries, mas tambem e talvez principalmente na propaganda, como a
da cervejaria Devassa, onde a cerveja preta é comparada a uma negra e o
slogan era: "É pelo corpo que se conhece a verdadeira negra".
Quando
um seriado é focado num nucleo de gente branca, é "Mulheres ricas".
Quando o nucleo são mulheres negras, é as o Sexo e as negas?
Este
programa será só mais um para o histórico não só da Globo mas da midia
geral em dividir papeis sociais onde o galã raramente é negro e a negra é
comumente sexy ou a domestica, ou quando nenhuma das duas coisas,
assume-se outros esteriótipos.
Fora que, em um pais como o Brasil,
que "importa novelas", como foi o caso de Avenida Brasil, que rodou
vários países, é realmente certo o tipo de ideia que esse seriado parece
promover?
Internacionalmente, a imagem da mulher brasileira de
modo geral, já é de mulher fácil e o "gringo" vê o país como turismo
sexual. "O sexo e as nega" tão e somente ajudaram a alimentar ainda mais
essa visão internacionalmente e a consolidar ainda mais o papel que já é
assumido pelo afro-descendente na mídia nacional.
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