sábado, 14 de abril de 2012

Disposições finais

 Não é preciso que me visitem se estiver doente, embora o convívio com os amigos seja, comumente, agradável.
 Não é preciso que exclamem, por estar morta: "coitada", "que pena!" Embora esse seja um uso normal na terrena vida.
Não é preciso trazerem flores, embora o mundo das flores seja como o dos mortos, profundo e belo. Não é preciso vestirem luto - Nem isso a mais ninguém ocorre... - embora ajudasse a apagar quem morre, com mais sombra.
 Não é preciso noticia ou comentário avulso, embora eu sentisse o mundo bater no meu pulso, tão forte.
Principalmente, é preciso que ninguém chore nem me recorde com tristeza, porque seria absurdo, contra a natureza das coisas:
 Os mortos não querem nada, no seu reino grande e frio, e estão livres de convenções, e nada vale o amor tardio. O amor, enfim.

Um comentário:

  1. Olá! Muito bom seu texto ;) VC devia dar uma olhadinha no curso de estudos literários, talvez te interesse!

    bjinhos

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