sábado, 19 de junho de 2010

Parei para pensar...

A terra é ao mesmo tempo deserta e rica.
Rica desses jardins secretos, escondidos, difíceis de atingir, mas aos quais a vida nos conduz, um dia ou outro.
Ela (a vida) nos separa dos companheiros e nos impede de pensar muito nisso.
Eles estão em algum lugar, não se sabe bem onde, silenciosos e esquecidos, mas tão fiéis!
Sim, nós temos o hábito de esperar...
Mas pouco a pouco descobrimos que não ouviremos nunca mais o riso claro daquele companheiro, descobrimos que aquele jardim está fechado para sempre. Então começa nosso verdadeiro luto, que não é desesperado, mas um pouco amargo. Nada, na verdade, substituirá o companheiro perdido. Nada vale o tesouro de tantas recordações comuns, de tantas horas más vividas juntos, de tantas desavenças, de tantas reconciliações, de tantos momentos afetivos. Não se reconstroem essas amizades. Será inútil plantar um carvalho na esperança de ter em breve, o abrigo de suas folhas.
Assim vai a vida. A princípio enriquecemos; plantamos durante anos, mas os anos chegam em que o tempo destrói esse trabalho, e arranca essas árvores. Um a um, os companheiros se retiram para a sombra.
E ao nosso luto se mistura então a mágoa secreta de envelhecer.
Trabalhando só pelos bens materiais, construímos nós mesmos nossa prisão. Encerramo-nos lá dentro, solitários, com nossa moeda de cinza que não pode ser trocada por coisa alguma que valha a pena viver.
Se procuro entre minhas lembranças as que me deixam um gosto durável, se faço um balanço das horas que valeram a pena, certamente só encontro aquelas que nenhuma fortuna do mundo teria me proporcionado. Não se compra a amizade, a serenidade, o amor...
Esta nova face do mundo depois de uma etapa difícil, estas árvores, esses sorrisos docemente coloridos pela vida, este mundo de pequenas coisas que nos recompensam, o dinheiro não compra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário